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Crónicas de uma secretária

Nada como ouvir e até quem sabe participar das conversas da treta que ouço diariamente.

Crónicas de uma secretária

Nada como ouvir e até quem sabe participar das conversas da treta que ouço diariamente.

Ter | 17.01.17

Nomes para todos os gostos

Com os anos aprendi a ouvir e calar.

Não fazer perguntas é a chave para não ter que levar com conversas que não interessam.

Claro que nem sempre fui assim.

Quando era  mais verdinha neste trabalho, tive alguns contratempos e respostas menos apropriadas.

Já lá vão alguns anos, apareceu-me aqui uma senhora já velhota para uma consulta de Cardiologia.

Essa utente era da serra dos lados do Caramulo.

Ora bem, sendo a primeira vez que a utente vinha a este consultório eu tonta, pedi-lhe para me dizer o nome.

Teria evitado embaraços se tivesse pedido a identificação. Mas pronto.

Então a senhora coitadita, muito simples disse-me o nome.

Maria Enjeitada.

Aposto que nunca tinham ouvido um nome tão estranho.

Eu também não. E como achei que a senhora não estava a dizer-me o nome saio-me com esta

"Desculpe, mas Maria Enjeitada não é nome de gente".

Nessa altura eu tinha uma colega de trabalho, acho que se ela tivesse um buraco, metia-se lá dentro de tanta vergonha mediante a minha resposta.

Adiante, a senhora mostrou-me o Bilhente de Identidade e explicou-me a origem do nome dela.

Então é assim; antigamente lá na terrinha dela quando nasciam crianças que não eram desejadas por variadissimos motivos, eram deixados na roda.

A roda fiquei a saber ficava as portas dos conventos. As crianças seriam criadas pelas freiras.

Portanto, a senhora teve a infelicidade de ser deixada na roda e como se isso não bastasse, ainda lhe chamaram Maria Enjeitada.

Mas nomes estranhos tenho imensos.

Por exemplo, uma criança que tadita... chamaram-lhe Maria Alho.

Raulinda, Ruizete, e tantos outros que as vezes me fazem duvidar da sanidade mental das pessoas.

 

 

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